Discoteca aberta
O mais baiano dos argentinos, Discípulo do Naná Vasconcelos, apaixonado pelo samba-reggae, criador inquieto e detalhista, o percussionista, compositor e produtor buscava sempre o inusitado para fazer um tipo de música "com características que ninguém tenha mostrado antes". Autor de projetos arrojados.
Embora passe longe do óbvio do que se faz em música percussiva na Bahia, as influências baianas são evidentes na parte rítmica. O berimbau faz a ligação com a música eletrônica pelo timbre.
Seu inspirador Naná Vasconcelos, uma profunda identificação com o instrumento. Cada um a seu modo os dois se especializaram em superar seus restritos recursos. Na mão deles o arame esticado numa vara com uma cabaça ganha status de música. "Melódica e harmonicamente o berimbau é limitado, mas é mais rico timbristicamente", defende. "Há milhões de nuances tímbricas em uma única nota. Você pode evoluir por aí também, não só na questão harmônica e melódica." Usando um capotraste parecido com o dos violões, ele fez "um truque" para extrair as duas notas afinadas do instrumento. Com um histórico de contrastes tornou-se um dos maiores percussionistas no país da percussão. Baiano adotado, ele, que foi criado em Bahía Blanca, trouxe know how e disciplina para o universo do samba-reggae, muito antes do boom da axé music. Na Argentina, ao mesmo em tempo que transitava pelo rock,"obcecado por estudar, pesquisar e entender o que ouve", começou a tocar em orquestras sinfônicas aos 16 anos e já era fã de Naná ("ele mudou a minha vida") e música Brasileira. Parceiros Decidido a aprender a percussão brasileira, mudou-se para São Paulo, onde estudou com Zé Eduardo Nazário, a partir de1982. Dois anos depois já encarava os trios elétricos de Salvador e se tornava o percussionista mais solicitado para gravações e shows. Tocou com Margareth Menezes, Daniela Mercury, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Marisa Monte, João Bosco, Lenine e muitos mais. A diferença dele para os outros percussionistas baianos é que ele sabia o que os demais apenas intuíam - e faziam errado. "A batida do Olodum é mais carnavalesca, a Timbalada faz samba junino", ensina. .Aos 43 anos, 24 deles vividos em Salvador, ele já fez escola na Bahia, onde formou músicos que o acompanhavam.
Em 2007 lançou Civilizacao & Barbarye, com as participações de Arto Lindsay e Chico César.
Ramiro faleceu em 11 de Setembro de 2009, aos 45 anos, de câncer.